domingo, 4 de julho de 2010

CEIFADO AMOR

à mulher que foi, mas ficou e o devir.
"Detro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." [Saramago]

Já morri várias vezes,
Todos os meus relacionamentos
Foram no fim das contas
Uma forma de morte.

Morreram todas as mulheres que amei
E todas as minhas mortes
Foram como se eu me livrasse de um peso
E era como se eu retomasse minha liberdade individual e fosse ao céu.

Mas uma morte, em especial, me levou ao inferno.
Pois esta não me livrou de um peso, um fardo!
Foi como se me tivesse levado a coisa mais preciosa que tinha,
Não que eu saiba que coisa era essa,
Mas talvez essa coisa fosse eu.
Descobri com muita dor e sofrimento
Que a causa das minhas várias mortes
Não eram as mulheres, mas sim o amor!
Foi então que o matei!

Embora, talvez também tenha morrido.
Ou só amei uma pessoa ou nunca amei ninguém.
Amar uma pessoa é muito amar,
E saber que de todas as mulheres amadas
Nunca esqueci a única amada que realmente me entreguei.
Assim, a solução do amor não é o suicídio,
Mas o contrário, é necessário a consciência e a revolta
De nossa vida miserável e absurda para que possamos
Todos os dias matar o amor.
Este desafio é nossa única verdade.

Sigo matando o amor todas as vezes que estou com uma mulher,
Pensando na única mulher que amei
E amando-a em todas as mulheres que virão.
A única que levou a coisa mais preciosa que eu tinha
É assim que vou me suicidando.

Foi então que matei o amor!

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