terça-feira, 5 de maio de 2009

Causos de Bacabal

Em Centro do Guilherme, uma cidade que mais parece uma aldeia indigena do que cidade, devido o dificil acesso, a total falta de estruta e a quantidade de índios vindos da reserva do Alto Turi e já chegou ao segundo menor Indice de Desenvolvimento Humano do país. Lá me aparece uma senhora de seus 80 e tantos anos de idade me pedindo uma carona para seu marido até a cidade mais proxima que fica a 32km e é conhecida como Presidente Médici. Desta cidade o jovem senhor um pouco mais velho que sua esposa iria pegar um ônibus até São Luís para se consultar.

O jovem senhor entra carro e eu pergunto se ele é daquela cidade mesmo e ele me diz que nasceu e passou sua juventudem em Bacabal, então eu comento que Bacabal era uma terra de muita pistolagem e a partir daí ele começa a falar dos celebres e ilustres pistoleiros de sua juventude. Os principais personagens de uma história digna de um roteiro de filme de bang-bang no velho oeste são: Romão, mais conhecido como RUMÃO; Nego Gato, este era compadre ou cumpadi de Rumão; João da Mundica; Chico Galalau e, o paraíbano Davi. Dentre estes personagens Rumão era o maior e mais conhecido pistoleiro da região, sendo que todos os mais velhos em Bacabal lembram-se desta figura que tornou-se um mito da pistolagem maranhense naquela região.

O causo que se assucedeu e do qual eu não me recordo bem é que Nego Gato por alguma desavença com seu "cumpadi" Rumão espalhou na cidade que iria matá-lo e o mesmo procurou unir forçar com João da Mundica que era concorrente de Rumão. Porém, como Rumão era astuto e tinha bons informartes ficou sabendo da tocaia que seu "cumpadi" preparava e se antecipando resolveu convidá-lo para baber como se nada soubesse. Então em um barzinho nas proximidades da Rodoviária Rumão saca de seu 38 Taurus cano longo (eu não sei se era Taurus, nem se era cano longo) e detona contra seu "cumpadi" e diz para o resto do povo que tava no bar: "Ninguém viu nada, não faço mal pra ninguém, meu negócio era só com Nego Gato. Chico Galalau e João da Mundica saem da cidade e não são mais vistos. Mas ainda tem o Davi da Paraíba.

Pela descrição do jovem senhor o Davi era baixinho, magro e andava meio curvado. Ele era de familia rica, tinha uma boa condição financeira e não era bem um pistoleiro, era mais um justiceiro. O pai do Davi foi morto na Paraíba por pistoleiros e a partir deste episódio ele resolveu sair pelo mundo afora matando quem matava por dinheiro e não sei como veio parar no interior do Maranhão. Segundo o senhor onde o Davi soubesse que tinha um pistoleiro matando por dinheiro ele ia atrás para matar. Então devido a fama de Rumão o Davi vai em seu encalso para liquidá-lo.

O modus operandi de Davi é bem cinematografico ele liga para a esposa de Rumão e diz pra ela se preparar para fazer o enterro de seu marido. A esposa de Rumão o avisa e ele sai ao encontro de Davi. Os dois se encontram em um bar, ambos armados e um querendo matar o outros, mas eles discretos, cavaleiros e respeita a ética oculta da pistolagem, sendo que quem vence este tipo de duelo é o mais astudo. Estando os dois sentados na mesa do bar o Rumão levanta-se e vai em direção ao banheiro, mas segundo o senhor, sua intenção era sacar a arma da porta do banheiro e mandar bala em Davi. Porém o Davi foi mais astuto e quando o Rumão foi pousando a mão em sua cintura para sacar da arma ele se adiantou e detonou 3 tiros em Rumão, sendo os 3 disparos precisamente na cabeça. Nas palavras do senhor lá: "eles eram muito bom de tiro, só acertavam na cabeça."

Só uma passagem que não pode ser esquecida de Rumão é que certa vez ele chegou a noite em um posto de gasolina para abastecer seu carro e o frentista 0 reconhecendo ficou com medo e não quis atendê-lo. Rumão falou: "pode ficar tranquilo, eu não vou mecher contigo, faz teu serviço." Quando o frentista terminou ele pagou certinho e disse: "Tu tem algum inimigo? Se tiver e se quiser pra mim dá um jeito é só me dizer quem é." Tudo isso para demostrar sua cordialidade ao frentista do posto.

Estes são os causos das minhas voltas pelo interior do Maranhão e ainda tem mais, aguardem.